Estamos um passo mais perto da detecção precoce da falha do tratamento antidepressivo, uma mudança de paradigma nos algoritmos de tratamento e o potencial para a maioria dos pacientes serem gerenciados com sucesso no início do plano de tratamento. Isto resultará em melhores resultados para os pacientes e provavelmente terá uma boa relação custo-efetividade a partir das perspectivas dos profissionais de saúde e da sociedade. A detecção do funcionamento cerebral irregular associado ao transtorno depressivo maior (TDM) recorrente, por meio de avanços nas técnicas de neuroimagem, anuncia a próxima geração de alvos preventivos e terapêuticos.
A resposta ao tratamento pode ser prevista?
Uma questão-chave da pesquisa é se podemos prever antecipadamente se cada paciente responderá ao tratamento, disse o Dr. Michael Browning (Universidade de Oxford, Reino Unido).
Os antidepressivos induzem mudanças precoces na forma como a informação emocional é processada1 e se a detecção dos efeitos cognitivos precoces pode ser utilizada para orientar as mudanças no tratamento que serão testadas no estudo PReDicT, em andamento.2 O teste PReDicT, realizado uma semana após o início do tratamento, combina medidas de cognição com pontuações de sintomas: caso o teste não indique resposta, o tratamento será imediatamente alterado pelo escalonamento de dose ou troca de tratamento. Isto é significativo, pois é muito mais curto do que o período de teste inicial de 4 a 6 semanas, que atualmente forma uma base de algoritmos de tratamento nas diretrizes.
A intervenção precoce é aceitável para pacientes, que se sentem monitorados mais de perto e possuem uma melhor conexão com seus médicos
As análises preliminares (n = 500) mostram que o teste PReDicT leva os médicos a mudarem a medicação mais cedo. A intervenção é aceitável para os pacientes, que se sentem monitorados mais de perto e possuem uma melhor conexão com seus médicos, e isto pode resultar em melhores resultados gerais.
Uma previsão melhor dos resultados pode ter um enorme impacto social
A modelagem de custo-efetividade realizada pela professora Judit Simon (Universidade Médica de Viena, Áustria) sugere que a detecção precoce da não resposta a antidepressivos poderia reduzir a ineficácia do tratamento em cerca de 6 semanas e é provável que seja custo-efetivo, tanto na perspectiva de profissionais de saúde como da sociedade, com uma economia anual mínima para a UE de 638 milhões de euros com absentismo no trabalho.3
A detecção precoce da não resposta a antidepressivos poderia reduzir a ineficácia do tratamento em cerca de 6 semanas e economizar anualmente para a UE, no mínimo, 638 milhões de euros com absenteísmo no trabalho
O impacto de longo prazo do estudo PReDicT (6-12 meses) será determinado em termos de avaliação de custos (profissionais de saúde, assistência social, perda de produtividade) e avaliação de resultados — qualidade de vida e capacidades mais amplas de bem-estar. Resultados adicionais são esperados em 2019.
Técnicas de pré-tratamento ou de aumento melhoram a resposta
Identificar os mecanismos que interferem no tratamento e abordá-los com técnicas de pré-tratamento ou de aumento podem melhorar a resposta ao tratamento, disse o Dr. Greg Siegle (Universidade de Pittsburgh, EUA).
Dois exemplos desta abordagem incluem a utilização do treinamento de controle cognitivo (TCC) para reduzir a interpretação negativa (ruminação) e o treinamento neurocognitivo direcionado à predição para aumentar as predições positivas, ambos os quais podem melhorar os resultados do tratamento4,5, como também ter um benefício econômico em termos de visitas reduzidas aos médicos.
Vias neurais afetadas reveladas no TDM recorrente
Os avanços nas técnicas neuropsicológicas e de neuroimagem permitem a percepção do funcionamento cerebral irregular associadas ao TDM recorrente, uma das principais contribuintes para a carga global da doença.
Os avanços nas técnicas neuropsicológicas e de neuroimagem permitem a percepção do funcionamento cerebral irregular associadas ao TDM recorrente
O Dr. Eric Ruhé (Donders Institute, Holanda) mostrou como as conexões funcionais irregulares em pacientes vulneráveis com TDM recorrente revelam importantes caminhos envolvidos na regulação emocional;6,7 por exemplo, a diminuição da conectividade da rede de saliência com outras redes e com maior conectividade de rede no modo padrão. Estes podem servir no futuro como marcadores para aplicações preventivas e terapêuticas.