A depressão é um transtorno mental comum que afeta um grande número de pacientes em todo o mundo, que tem um impacto mais amplo sobre os seus amigos, familiares, cuidadores e empregadores.1 É uma condição clinicamente heterogênea, com uma variedade geralmente subestimada de sintomas que abrangem os domínios emocional, físico e cognitivo.2,3 Apesar de se tornar cada vez mais reconhecidos como um componente significativo da depressão em muitos pacientes, os sintomas cognitivos são muitas vezes pouco compreendidos na prática clínica.2,3
Embora um paciente deva apresentar humor deprimido ou anedonia para ser diagnosticado com depressão, ele também pode estar experimentando vários dos seguintes sintomas em maior ou menor grau:2
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais abrange apenas uma gama limitada de sintomas cognitivos que podem estar presentes em pacientes com depressão. Os comprometimentos cognitivos adicionais foram relatados na depressão, incluindo:4–6
- Dificuldade em manter a atenção
- Dificuldades de organização/planejamento
- Declínio de nitidez mental
- Dificuldade em aprender conceitos novos
- Redução na velocidade de raciocínio
- Deficiência na capacidade de julgamento
- Dificuldade em recordar palavras
Cognição na depressão – os fatos
Os sintomas cognitivos podem ter um impacto devastador no dia-a-dia dos pacientes e são considerados como um mediador principal do comprometimento psicossocial e da incapacidade funcional, em particular em relação ao desempenho no trabalho.7,8
Os comprometimentos cognitivos na depressão são um dos principais mediadores da incapacidade funcional, notadamente o comprometimento do desempenho no ambiente de trabalho.5,8
Os sintomas cognitivos podem frequentemente persistir além da cessação de manifestações emocionais como tristeza, ansiedade e anedonia:2
- Uma revisão de estudos sobre transtorno depressivo maior descobriu que comprometimentos pronunciados na função executiva são vistos em cerca de 20 a 30% dos pacientes7
- Em uma metanálise com 644 pacientes no primeiro episódio de depressão maior, o desempenho cognitivo estava significativamente comprometido em vários domínios, incluindo velocidade psicomotora, atenção, aprendizagem visual e memória e função executiva.9
- Em um estudo holandês com 267 pacientes com depressão, sintomas cognitivos estavam presentes em 94% do tempo durante os episódios agudos de depressão maior10
- No mesmo estudo holandês, os sintomas cognitivos persistiram e impactaram uma média de 44% do tempo durante os períodos de ‘remissão’10
Há também uma ligação direta entre os sintomas cognitivos e o risco de recaída, com um estudo que mostrou que mais de 75% dos pacientes com sintomas cognitivos residuais tiveram recaída dentro de 10 meses após a remissão.11 Isto destaca a importância de reconhecer e monitorar toda a constelação de sintomas emocionais, físicos e cognitivos nos seus pacientes com depressão.