Paridade de cuidados com a saúde mental: dimensão do desafio

Uma desproporcional falta de investimentos nos cuidados com a saúde mental, em relação aos orçamentos gerais de saúde, e as deficiências na qualidade dos cuidados contribuem para uma lacuna no tratamento da saúde mental.1

É muito importante que a desigualdade no valor alocado à saúde mental, em relação à saúde física, seja abordada.2 Isso envolverá o aprimoramento da qualidade e do monitoramento das práticas de cuidados em saúde mental, a alocação de tempo e recursos suficientes para a educação e cuidados com a saúde mental, e a melhora do acesso a tratamentos eficazes e seguros para transtornos de saúde mental.2

Menos de 2% das despesas mundiais em saúde são destinadas à saúde mental4

 

Por que há uma necessidade de paridade dos cuidados com a saúde mental?

Aproximadamente 970 milhões de pessoas têm um transtorno de saúde mental em todo o mundo, segundo dados de 2019.3 Os transtornos mentais são responsáveis por 1 em cada 5 anos vividos com incapacidade.4 A consequência financeira disso será um custo para a economia global estimado em 16 trilhões de dólares, entre 2011 e 2030.5 Em função de sua prevalência e seu impacto, os cuidados com a saúde mental devem ser uma prioridade nos investimentos em saúde.6

Apesar das melhoras desde 2007,os investimentos em saúde mental são superados, em muito, por outras áreas de da saúde - por exemplo, em 2013, a assistência de desenvolvimento global para HIV/AIDS foi de US$144 por  anos de vida ajustados por incapacidade (DALY), mas apenas US$0,85 por DALY para saúde mental.8

 

Acabando com a disparidade da saúde mental

Uma quantidade maior de profissionais de saúde mental é necessária

A melhora da paridade dos cuidados com a saúde mental deve ter uma abordagem universal, porém, proporcional.9 Por meio da identificação de fatores de risco, promoção de fatores de proteção e integração dos serviços de saúde mental aos cuidados básicos de saúde, a saúde mental pode ser gerenciada no nível populacional.6,10 O aumento dos investimentos na área da saúde mental e na prestação de cuidados e pesquisa traria benefícios para as sociedades e economias ao melhorar o engajamento e a produtividade.

Mundialmente, menos de 2% dos profissionais médicos e enfermeiros receberam treinamento para reconhecer e tratar pacientes com transtornos de saúde mental graves e comuns11

O número médio global de profissionais de saúde mental é de 9 a cada 100.000 pessoas (variando de 1,6 em países de baixa renda a 72 em países de alta renda).11 Os profissionais de saúde em todos os estágios do tratamento, desde a clínica geral aos especialistas em saúde mental, podem usar intervenções baseadas em evidências em uma variedade de contextos de saúde.6 Ao defender melhores vias de encaminhamento e recursos clínicos, bem como incentivar um acesso mais amplo a uma variedade de serviços de saúde, de hospitais a postos comunitários, mais pessoas podem receber o tratamento do qual precisam.6

Por meio do desenvolvimento de uma melhor compreensão das lacunas nos cuidados, os profissionais de saúde podem contribuir para mudanças na prática clínica diária e na paridade das políticas de saúde. Assim, é possível ajudar a quebrar barreiras e facilitar um maior acesso aos cuidados com a saúde mental para todos.

Cloned Date
2021/10/04 06:10:06
Clone source Id
11657
Clone source uuid
5ac4416a-3ce3-4311-8321-cc12848f9e63

Referências

1. World Federation for Mental Health. 2021 World Mental Health Global Awareness Campaign – World Mental Health Day Theme. 19 March 2021. Available at: https://wfmh.global/2021-world-mental-health-global-awareness-campaign-world-mental-health-day-theme/, accessed 31 May 2021.

2. Royal College of Psychiatrists. Occasional Paper 88. 2013.

3. GBD 2019 Diseases and Injuries Collaborators. Lancet 2020; 396 (10258): 1204–1222.

4. World Health Organization. Mental health burden. Available at: https://www.who.int/health-topics/mental-health#tab=tab_2, accessed 23 June 2021.

5. Bloom DE, et al. The global economic burden of non-communicable diseases. Geneva: World Economic Forum, 2011. Available at: http://www3.weforum.org/docs/WEF_Harvard_HE_GlobalEconomicBurdenNonCommunicableDiseases_2011.pdf, accessed 21 June 2021.

6. Patel V, et al. Lancet 2018; 392 (10157): 1553–1598.

7. Gilbert BJ, et al. PLoS Med 2015; 12 (6): e1001834.

8. Charlson F, et al. PLoS One 2017; 12 (1): e0169384.

9. World Health Organization and Calouste Gulbenkian Foundation. Social determinants of mental health. Geneva: World Health Organization, 2014.

10. Campion J, Fitch C. Guidance for Commissioning Public Mental Health Services. Joint Commissioning Panel for Mental Health, 2015.

11. World Health Organization. Mental Health Atlas 2017. Geneva: World Health Organization, 2018. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.