Quais fatores podem ser determinantes nos transtornos de saúde mental?

Nossa saúde mental é moldada por fatores genéticos, de desenvolvimento, ambientais e sociais.1 Em um mundo cada vez mais desigual, esses fatores podem colocar grupos específicos de pessoas sob maior risco de desenvolver transtornos de saúde mental.1

A desvantagem socioeconômica está associada a um risco aumentado de desenvolver um transtorno de saúde mental, e um transtorno de saúde mental agrava os efeitos negativos de uma condição socioeconômica baixa.2

Quais fatores socioeconômicos influenciam a saúde mental?

No Reino Unido, os homens que vivem nas áreas mais carentes apresentaram probabilidade 51% maior de ter depressão do que aqueles que vivem em áreas não carentes3

As funções dos fatores socioeconômicos na saúde mental são complexas, com percursos multidirecionais.1

 

Demografia

Os fatores demográficos que influenciam os diagnósticos da saúde mental incluem idade, sexo e etnia.1,4

O Estudo de Carga Global de Doenças (The Global Burden of Disease Study), de 2019, mostrou que meninos com idade <14 anos tiveram uma proporção maior de problemas de saúde mental do que meninas de idade equivalente.5 A partir dos 15 anos de idade, meninas e mulheres tiveram uma carga maior de transtornos mentais em comparação com meninos e homens.5

A relação entre etnia e transtornos de saúde mental pode ser pensada em contextos culturais, sociais e genéticos.6 O aumento de transtornos de saúde mental associado a minorias étnicas pode ser resultado de vários fatores diferentes, como migração, densidade racial, discriminação percebida e adversidade social.7

Em jovens, o nível socioeconômico baixo aumenta o risco de desenvolver depressão ou ansiedade em 2,5 vezes em comparação com aqueles de nível socioeconômico alto8

Finanças

A condição financeira, a situação profissional e a renda podem influenciar a saúde mental.1 Situações econômicas mais precárias estão associadas a um risco maior de transtornos de saúde mental.9 A situação de vida de uma pessoa - como não ter acesso a moradia estável ou insegurança alimentar - pode ter um impacto negativo na condição da saúde mental.1,9

Educação

Uma melhor educação pode exercer um papel na redução do risco de transtornos de saúde mental, parcialmente em função da sua capacidade de melhorar as perspectivas de emprego.1

Comunidade

A comunidade pode ajudar a proteger a saúde mental das pessoas por meio de redes de apoio e dos benefícios da cultura de capital social.1 Por outro lado, a falta de uma comunidade estável, a perda de uma história compartilhada ou a perseguição dentro de uma comunidade podem afetar negativamente a saúde mental.1

 

Como as desigualdades socioeconômicas podem ser tratadas na saúde mental?

Reduzir o impacto das desigualdades socioeconômicas na saúde mental é extremamente importante.2

Os profissionais de saúde podem ajudar a atenuar as consequências das desigualdades socioeconômicas sobre a saúde mental ao defender os serviços de saúde mental a fim de melhorar a conscientização e o acesso. Além disso, ao compreender os diferentes riscos que podem ser impostos por diferentes aspectos da condição socioeconômica, os profissionais de saúde podem ficar melhor informados sobre os indivíduos sob maior risco em função da sua situação.

Campanhas de conscientização, como o Dia Mundial da Saúde Mental, que incentivam atitudes saudáveis ao falar sobre saúde mental, além de um comportamento de busca por ajuda logo no início dos sintomas são vitais para impedir que o ciclo vicioso de baixa condição socioeconômica e comprometimento da saúde mental entre em espiral.2

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Referências

1. Patel V, et al. Lancet 2018; 392 (10157): 1553–1598.

2. Campion J, et al. Lancet 2013; 382 (9888): 183–184.

3. Remes O, et al. BMJ Open 2019; 9: e027530.

4. Clement S, et al. Psychol Med 2015; 45 (1): 11–27.

5. GBD 2019 Diseases and Injuries Collaborators. Lancet 2020; 396 (10258): Supplementary appendix 2.

6. Hawes AM, et al. Ann Psychiatry Ment Health. 2016; 4 (4): 1072.

7. Veling W. Curr Opin Psychiatry 2013; 26: 166–171.

8. Lemstra M, et al. Can J Public Health 2008; 99 (2): 125–129.

9. Lund C, et al. Soc Sci Med 2010; 71: 517–528.