Embaixador da Dinamarca no Brasil, Nicolai Prytz, comenta a importância da saúde mental para o país e as colaborações com o Brasil.
Com cerca de 5,7 milhões de habitantes, a Dinamarca é conhecida pela sua economia altamente desenvolvida e uma forte indústria, com destaque para a tecnologia e inovação. Além disso, sua população é considerada uma das mais felizes do mundo, ficando no 2º lugar do ranking em 2021.1 Para entendermos melhor como o país lida com a saúde mental de sua população, entrevistamos o embaixador da Dinamarca no Brasil, Nicolai Prytz, que ressaltou também a importância da colaboração entre países.
“Apesar da Dinamarca ser considerada um dos países mais felizes do mundo, cerca de 8% da população sofre de depressão2 e mais de 15% das crianças em idade escolar tem algum tipo de doença mental.3 Não podemos esquecer que são mais de 970 milhões de pessoas que sofrem de alguma doença mental no mundo,4 o que significa uma em cada dez pessoas, e na Dinamarca não é diferente.”
“As doenças mentais são pouco reconhecidas. São doenças com pouca visibilidade e estigmatizadas. Para você ter uma ideia, só 40% dos países tem uma política pública orientada para a saúde mental. É um verdadeiro tabu e isso não faz sentido”, diz Nicolai Prytz.
No mês de outubro é celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental, que tem como objetivo aumentar a conscientização da população acerca dos transtornos de saúde mental e de sua importância para a sociedade.
“A gente precisa conversar livremente sobre o assunto para que as pessoas que sofrem com essas doenças se sintam acolhidas. O Dia Mundial da Saúde Mental nos ajuda a focar nisso. Outro ponto importante da conscientização é ficarmos atentos aos sinais dessas doenças, para lidarmos com elas logo no início”, pontua Nicolai.
“Além disso, é extremamente importante a Dinamarca compartilhar suas experiências na forma de lidar com a saúde mental, como país e como governo. A Dinamarca tem uma política pública bem focada em três áreas: reduzir o estigma, diagnóstico precoce e prevenção do suicídio”, aponta o Embaixador, esclarecendo como o governo dinamarquês atua nessas frentes.
“Queremos dar a nossa humilde contribuição compartilhando nossas experiências e, talvez, inspirando alguém com isso. Também queremos conversar, acabar com o estigma, com o tabu; precisamos reconhecer que as doenças mentais existem e são tratáveis”.
Uma das formas de colaborar é a disseminação de informações. Recentemente, no dia 10 de outubro de 2021, a embaixada dinamarquesa divulgou um material intitulado “A Abordagem Dinamarquesa à Saúde Mental”,5 que lista diversas iniciativas bem-sucedidas adotadas pelo país ao longo dos anos para melhorar os cuidados com a saúde mental de sua população.
Outubro Pela Saúde Mental
No contexto da saúde mental, a inciativa privada também pode ter um papel fundamental. A Lundbeck é uma empresa que tem um compromisso histórico com a pauta, e que todos os anos faz uma campanha massiva em outubro com o intuito de conscientizar a população acerca da saúde mental.
“Nos traz muito orgulho uma empresa dinamarquesa, não só de origem geográfica, mas em sua essência, estar presente no Brasil apoiando a causa da saúde mental. A Lundbeck foi fundada com base na pesquisa, educação, ciência, desenvolvimento e inovação. A Dinamarca não tem recursos naturais, nós nos baseamos na educação e no estudo. E a Lundbeck tem esse DNA da Dinamarca. É uma empresa que compartilha valores típicos nossos, mas também que atua numa área extremamente importante. Mais que isso, uma empresa que está extremamente comprometida com a sustentabilidade, uma pauta de muito valor para a Dinamarca”, comenta o Embaixador.
Digitalização da Saúde
Além disso, o embaixador chamou atenção para a otimização de processos e digitalização da saúde, área que a Dinamarca tem vasta experiência. Já existe uma forte colaboração entre o Brasil e a Dinamarca para o processo de digitalização da saúde, dentre outras diversas áreas governamentais.6
“Uma das áreas que queremos contribuir é no governo digital. Na Dinamarca, isso se estabeleceu há, pelo menos, 15 anos, após uma longa jornada e com vários experimentos no caminho, que nos levou a sermos os primeiros no mundo em ‘governo digital’ - o que abrange todos os serviços governamentais oferecidos para os cidadãos e empresas. A Dinamarca é altamente digitalizada. Acho que nenhum dinamarquês lembra a última vez que foi a um banco ou entidade pública para resolver alguma coisa, é tudo digital”, declara Nicolai, lembrando que isso afeta diretamente na economia do país:
“Você economiza, diminui a quantidade de prédios físicos, e os serviços ficam melhores e mais ágeis, além de ser uma ferramenta no combate à corrupção”, enumera o Embaixador que explica seu pensamento: “Ao digitalizar os processos você traz mais transparência, o que faz esse projeto ser extremamente interessante para o Brasil - que está bem encaminhado e dedicado nesse tema”, finaliza Nicolai.