Uma ampla extensão de áreas dentro da pesquisa sobre a doença de Alzheimer foi coberta na sessão de pôsteres da AAN Virtual 2022, variando de fatores de risco vasculares e biomarcadores para a qualidade de vida e impacto da COVID-19 na saúde mental.
Fatores de risco relacionados à idade e estimativas de prevalência atualizadas
Os fatores de risco vasculares para demência variam com a idade, sugerindo a necessidade de pontuações de risco de demência específicas da idade. McGrath e colegas1 estudaram quais fatores de risco devem ser priorizados em idades específicas usando dados do estudo de Framingham (Framingham Heart Study). Aos 55 anos os fatores mais importantes foram pressão arterial sistólica e diabetes mellitus (DM), aos 65 anos doença cardiovascular sem acidente vascular cerebral (AVC), aos 70 e 75 anos DM e AVC, e aos 80 anos DM, AVC e uso de anti-hipertensivo (protetor).
Necessidade de pontuações de risco de demência específicas da idade
Gillis et al2 atualizaram as estimativas de prevalência dos Estados Unidos (EUA) para a doença de Alzheimer (DA) levando em consideração a diversidade racial/étnica. Eles usaram dados de uma variedade de fontes, incluindo o banco de dados Wonder (2021) dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. As estimativas atualizadas para o comprometimento cognitivo leve (CCL) devido à DA (beta amiloide positivo) foram de 6,9 milhões para idades ≥50 anos (5,7%) e 5,7 milhões para idades ≥65 anos (9,8%). Para demência leveda DA, os números foram de 2,5 milhões para ambas as idades ≥50 anos (2,1%) e ≥65 anos (4,2%). Essas estimativas são mais altas do que as derivadas de publicações anteriores a 2021. Os autores sugerem que isso se deve a populações anteriormente sub-representadas e será importante considerar no futuro desenho e recrutamento de estudos clínicos.
As estimativas são mais altas devido a populações anteriormente sub-representadas
Efeito aditivo do envelhecimento e biomarcadores plasmáticos
O envelhecimento é o principal fator de risco para a maioria das doenças neurodegenerativas. Cividini e colegas3 usaram imagens de ressonância magnética para observar mudanças no afinamento cortical ao longo da vida em cérebros saudáveis para ajudar a entender o efeito aditivo que o envelhecimento pode ter nessas doenças. A diminuição da espessura foi observada em 97% das regiões corticais com o avanço da idade, com maior afinamento cortical nos lobos temporal, frontal e parietal e córtex insular, e menos no lobo occipital. Eles concluíram que observar as trajetórias do envelhecimento cerebral normal ajuda a identificar as áreas que podem ser mais vulneráveis à neurodegeneração.
Identificar áreas corticais mais vulneráveis à neurodegeneração
Uma combinação de biomarcadores de citocinas neurodegenerativas e inflamatórias do plasma para identificar pacientes com DA foi a proposta de Chenna et al4, que compararam uma variedade de proteínas do sistema nervoso no plasma de 72 pacientes com DA (leve, moderada e grave) com 64 controles saudáveis. Houve aumentos significativos nos níveis medianos do neurofilamento de cadeia leve (NF-L), Tau total (t-Tau), tau plasmática fosforilada na treonina 181 (p-tau181), interleucinas-6 e 10 e o fator de necrose tumoral alfa (TNFα) no grupo AD combinado em relação aos controles (p<0,0001).
Uma combinação de biomarcadores plasmáticos para identificar pacientes com DA
Teste do líquido cefalorraquidiano (LCR), qualidade de vida e saúde mental relacionada à COVID-19
Krivanek e Gale5 analisaram a prática clínica antes da publicação do critério de uso apropriado (AUC, Appropriate Use Criteria) para o teste de biomarcadores do líquido cefalorraquidiano (LCR) no diagnóstico da DA. Dados clínicos estavam disponíveis para 105 pacientes em uma clínica de demência de cuidados terciários, que todos teriam atendido à AUC, com os critérios mais comuns (53,3%) ‘comprometimento cognitivo leve (CCL) ou demência com início antes dos 65 anos’. Em 48,5% dos casos, os resultados do teste do LCR levaram a uma mudança no diagnóstico inicial. Os diagnósticos menos estáveis foram demência, processo neurodegenerativo e comprometimento cognitivo de etiologia desconhecida, e o mais estável foi DA.
Em 48,5% dos casos, os resultados do teste do LCR levaram a uma mudança no diagnóstico inicial
Villarejo-Galende e colegas6 avaliaram a experiência dos pacientes de viver com DA precoce usando uma variedade de resultados relatados pelo paciente. O estudo incluiu 149 pacientes com DA leve ou prodrômica e duração média da doença de 1,3±1,7 anos. Dos pacientes avaliados, 22% relataram sintomas depressivos e 94% desesperança leve a moderada. As pontuações da scala de Qualidade de Vida em Pacientes com Doença de Alzheimer (QdV-DA) foram positivamente correlacionadas com as pontuaçõesda Escala de Esforço Para Dormir de Glasgow (GSES) e negativamente correlacionados com o Inventário de Depressão de Beck (BDI-FS), Escala de Estigma para Doenças Crônicas-8 (SSCI-8), consequências práticas e emocionais do RADIX (Representations and Adjustment to Dementia Index, sem tradução) e pontuações da Escala de Desesperança Beck (BHS). Uma melhor compreensão da perspectiva do paciente poderia facilitar a implementação de estratégias de apoio individualizadas para melhorar a QdV-DA.
Entender a perspectiva do paciente poderia facilitar estratégias individualizadas para melhorar a QdV-DA
Finalmente, Kim et al.7 relataram o impacto da crise da COVID-19 na saúde mental de pacientes com demência. Em 2021, eles realizaram uma pesquisa por telefone com 2080 pacientes registrados como tendo demência, com resposta de 1038 cuidadores. O estudo questionou, caso houvesse, quais sintomas neuropsiquiátricos foram agravados pela recente pandemia. Pelo menos um sintoma agravante foi experimentado por 26,4% dos pacientes, predominantemente depressão/disforia (44,5%), distúrbio do sono (9,5%) e delírios (9,1%). Uma estratégia mais preventiva para gerenciar esses sintomas ajudaria tanto os pacientes quanto os cuidadores.
Pelo menos um sintoma neuropsiquiátrico agravante foi experimentado por 26,4% dos pacientes
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Our correspondent’s highlights from the symposium are meant as a fair representation of the scientific content presented. The views and opinions expressed on this page do not necessarily reflect those of Lundbeck.