O Duplo Fardo do Diabetes e dos Transtornos Mentais Graves

Embora os antipsicóticos sejam a base do tratamento dos transtornos mentais graves, seu uso está associado a um risco aumentado de diabetes; a prevalência de diabetes é 2-3 vezes maior em pacientes com esquizofrenia e transtorno bipolar1,2. Pacientes com esquizofrenia morrem 15-20 anos mais cedo do que a população em geral e a doença cardiovascular é a principal causa de mortalidade.3

 

Epidemiologia

O Dr. Richard Holt (Universidade de Southampton, Reino Unido) compartilhou uma citação de Henry Maudley, que viveu de 1835 a 1918: “O diabetes é uma doença que muitas vezes se manifesta em famílias em que a insanidade prevalece." Em outras palavras, a ligação entre transtornos mentais graves e diabetes tipo 2 (DM 2) é conhecida há muito tempo, no entanto as taxas de prevalência precisas de DM 2 nesta população não são claras, pois geralmente são pacientes que relutam em participar de estudos epidemiológicos , e, até 70% podem não ser diagnosticadas1. No entanto, uma meta-análise de 118 estudos incluindo 438.245 pacientes com transtornos mentais graves mostrou uma prevalência geral de 10,2% de DM 21. As consequências do DM 2 nesse grupo são mais graves, com maiores taxas de complicações microvasculares e macrovasculares, desregulação metabólica aguda e óbitos relacionados ao diabetes2.

A prevalência de diabetes aumenta 2-3 vezes em pacientes com esquizofrenia e transtorno bipolar

 

Melhorando os resultados do diabetes em pessoas com transtornos mentais graves

O Dr. Holt apontou que muitos fatores contribuem para o desenvolvimento de DM2 em pacientes com transtornos mentais graves: genética, interações gene-ambiente, inflamação, mecanismos neuroendócrinos, dieta com baixa qualidade nutricional, pobreza e privação de recursos, inatividade física, tabagismo e uso de antipsicóticos1,2. Para melhorar os resultados, os profissionais de saúde devem intervir neste ciclo complexo sempre que possível. O Dr. Holt recomenda uma abordagem integrada, consistindo em melhor triagem, aconselhamento/modificações de estilo de vida, intervenções psicoterapêuticas e abordagem das inequidades de saúde experimentadas por pacientes que vivem com transtornos mentais graves (por exemplo, muitas vezes estes pacientes recebem cuidados oncológicos e cardiovasculares inferiores e são menos rastreados para retinopatia e pé diabéticos).1,4.

Mudar para um  antipsicótico associado a menos ganho de peso pode ser uma opção

As estratégias farmacológicas para melhorar os resultados do diabetes em pacientes com transtornos mentais graves incluem a mudança de antipsicóticos para uma opção menos relacionada com ganho de peso e, possivelmente, usando agentes farmacológicos, como inibidores do cotransportador de sódio-glicose-2 (SGLT2) e agonistas do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) para apoiar a perda de peso.

 

 

Quer receber as novidades da Progress in Mind Brazil no seu celular?

Participe do nosso canal no Telegram clicando aqui e receba os novos conteúdos assim que forem publicados

 

Our correspondent’s highlights from the symposium are meant as a fair representation of the scientific content presented. The views and opinions expressed on this page do not necessarily reflect those of Lundbeck.

Referências

  1. Presented by Dr. Richard Holt, “The Double Burden of Diabetes and Severe Mental Illness,” at SIRS 2023, Toronto, Canada.
  2. Holt RIG & Mitchell AJ. Diabetes mellitus and severe mental illness: mechanisms and clinical implications. Nat. Rev. Endocrinol. 2015;11:79-89.
  3. Presented by Dr. Margaret Hahn, “The Double Burden of Diabetes and Severe Mental Illness,” at SIRS 2023, Toronto, Canada.
  4. Mitchell AJ, Malone D & Doebbeling CC. Quality of medical care for people with and without comorbid mental illness and substance misuse: systematic review of comparative studies. BJPsych. 2009;194:491-499.