Destaques ECNP 2022 – Dia 01

Bem-vindo à cobertura da Progress in Mind do ECNP 2022. O 35º Congresso do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia abriu em 15 de outubro em Viena, reunindo mais de 5.000 psiquiatras, neurocientistas, neurologistas e psicólogos globais para discutir os últimos desenvolvimentos na ciência e no tratamento de distúrbios cerebrais. A reunião começou com uma manhã de simpósios satélites e teve uma tarde de sessões educacionais, simpósios, workshops para pacientes, sessões 'Top Paper' e 'Love your Brain'. Bita Moghaddam, professora Ruth Matarazzo de neurociência comportamental na Oregon Health and Science University Portland, Oregon, fez a palestra plenária sobre a evolução dos modelos de psicose de glutamato, e o primeiro dia terminou com novas apresentações de dados na sessão ePoster. Aqui estão os destaques do Dia 1 deste congresso híbrido (presencial e online) com tópicos que abrangem o espectro do humor e comportamento humano, da ciência básica ao atendimento clínico.

Unidos para agir contra a depressão 

Vários simpósios se concentraram em diversos aspectos do atendimento a pacientes com depressão e ansiedade comórbida, uma vez que: 

  • A depressão é uma das principais causas de sofrimento evitável, afetando cerca de 322 milhões de pessoas globalmente1 com enormes consequências econômicas para a sociedade. 

  • A pandemia de COVID-19 levou a um aumento na ansiedade e no transtorno depressivo maior (TDM) de >25% em 2020, levando a Lancet e a Associação Mundial de Psiquiatria a solicitar por uma “Ação conjunta contra a depressão”. 2,3

 

“Não é de surpreender que a última comissão da Lancet seja dedicada a uma ação conjunta para melhor tratar e prevenir incapacitações relacionadas à depressão” 
– Professor Raymond Lam, Canadá 

 

A restauração da funcionalidade é um objetivo do tratamento do TDM orientado pelo paciente 

  • A necessidade de tratamentos eficazes que levem à plena recuperação funcional foi vista nos simpósios, refletindo o ônus do TDM tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. 

  • Os pacientes querem alcançar a recuperação funcional no TDM, com tratamentos que ajudam a melhorar seu humor e permitam que eles retornem a uma vida profissional, familiar e social plena.  

 

Os pacientes consideram a funcionalidade como o principal objetivo do tratamento da depressão, para ajudá-los a retornar ao trabalho, à família e vida social, plenamente.” – Professor Andrea Fagiolini, Itália 

 

Aja precocemente para otimizar a resposta ao tratamento no TDM 

  • A avaliação precoce e a identificação da resposta parcial são fundamentais para melhorar os resultados do tratamento para pacientes com TDM. 

  • Pesquisa recente de pacientes com TDM com histórico de resposta abaixo do ideal aos antidepressivos mais utilizados ​foi apresentada, considerando o efeito nos sintomas depressivos, tolerabilidade, funcionamento e outros desfechos do paciente. 

  • Uma revisão das diretrizes demonstrou a eficácia clínica e o momento ideal das estratégias de manejo para pacientes com resposta inadequada, como aumentar a dose do antidepressivo, mudar para um antidepressivo diferente ou estratégias de potencialização.  

 

Temos que estar atentos para detectar intolerância, resposta insuficiente/parcial e recorrência da doença no TDM. Quanto mais cedo fizermos essas detecções, mais bem-sucedido será o resultado.” – Professor George Papakostas, EUA 

 

Manejando a depressão e ansiedade comórbidas para alcançar resultados funcionais completos 

  • Os transtornos de ansiedade, incluindo o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), são frequentemente comórbidos com o TDM e amplificam o impacto negativo na funcionalidade, aumentando a carga da doença para esses pacientes. 

  • Evidências recentes foram apresentadas sobre o impacto de antidepressivos selecionados em pacientes com TDM e TAG para melhorar significativamente os desfechos funcionais e de qualidade de vida (QoL). 

 

“Estamos começando a ver tratamentos específicos para pacientes com depressão e ansiedade comórbidas, que são eficazes em termos de melhorar não apenas os sintomas da doença, mas também a capacidade de funcionar e a qualidade de vida”. – Professor Andrea Fagiolini, Itália 

 

Além do controle de sintomas na esquizofrenia 

A esquizofrenia foi o tema de simpósios focados em otimizar o uso de terapias a longo prazo e a perspectiva do paciente em estabelecer metas de tratamento 

  • Os objetivos do tratamento na esquizofrenia devem ir além do controle dos sintomas para promover melhora clínica, recuperação funcional, melhor qualidade de vida relacionada à saúde e alcance dos objetivos de vida pessoais do paciente.4

  • Foi identificada a importância de se desenvolver um plano de tratamento de manutenção de longo prazo que minimize o risco de recaídas e aborde os sintomas residuais. 

  • Enfatizou-se a adequação dos objetivos do tratamento às necessidades e preferências dos indivíduos e técnicas de comunicação, como tomada de decisão compartilhada e entrevistas motivacionais, que ajudam a engajar os pacientes e podem melhorar a aceitação e adesão ao tratamento. 

“A tomada de decisão compartilhada é essencial e as abordagens do médico podem funcionar ainda melhor em um cenário em que os pacientes compartilham seus conhecimentos, pois eles realmente sabem do que se trata ter a doença”. – Professor Stephan Heres, Alemanha 

 

Plenária 

A professora Bita Moghaddam apresentou uma pesquisa focada na compreensão da base neuronal de comportamentos complexos, que são críticos para a saúde mental. Ela destacou os avanços no uso de modelos animais para melhorar o tratamento da esquizofrenia. Seu trabalho contribuiu para a descoberta de compostos direcionados aos receptores metabotrópicos de glutamato para o tratamento da esquizofrenia. 

 

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Os destaques dos simpósios por nossos correspondentes são entendidos como uma representação fidedigna do conteúdo científico apresentado. Os pontos de vista e opiniões expressos nesta página não refletem necessariamente os da Lundbeck.

Referências

  1. WHO. Depression and other common mental disorders. Global health estimates. 2017. Available at: https://www.who.int/publications/i/item/depression-global-health-estimates
  2. WHO Scientific brief. Mental health and COVID-19: Early evidence of the pandemic’s impact. 2 March 2022. Available at: https://www.who.int/publications/i/item/WHO-2019-nCoV-Sci_Brief-Mental_health-2022.1
  3. Herrman H et al. Time for united action on depression: a Lancet–World Psychiatric Association Commission. Lancet 2022;399:957-1022.
  4. Lehman et al. APA practice guideline. 2nd edition, 2010.