A evolução da ciência da psiquiatria

A ciência está começando a reforçar a prática na psiquiatria através do aumento da compreensão da neurobiologia, disse Sheldon Preskorn (Professor de Psiquiatria da University of Kansas School of Medicine-Wichita, Wichita, KS). Em uma sessão fascinante no Psych Congress, ele explicou por que a psiquiatria pode ser comparada à ciência da computação, como as sinapses permitem a aprendizagem e por que as emoções precedem a cognição, destacando a importância dos circuitos cerebrais, além do fato de que a psicopatologia pode resultar de conexões falhas.

O cérebro é efetivamente cinco “cérebros” em camadas uns sobre os outros

O cérebro evoluiu nos últimos 3 bilhões (3000 milhões) de anos e foi atualizado pela última vez 10 mil anos atrás, quando as variantes genéticas se desenvolveram, disse o professor Preskorn. Como resultado, o cérebro é efetivamente cinco “cérebros” em camadas uns sobre os outros, com o “cérebro” mais básico sendo a medula espinhal. Isto compreende:

  1. 100 bilhões (1011) de neurônios
  2. 10–50 células gliais por neurônio
  3. 1 quatrilhão (1015) de sinapses

O cérebro é organizado em circuitos hierárquicos, com o cérebro inferior regulando o ambiente interno, enquanto o cérebro superior interage com o ambiente externo.

Sinapses permitem a aprendizagem

O cérebro não é ligado por fios, explicou o professor Preskorn. Em vez disto, as sinapses no cérebro transmitem os sinais que recebem de um neurônio para outro pela difusão química o que permite a aprendizagem.

Cada receptor na terminação nervosa está sujeito à variação genética

Os neurotransmissores sinápticos de monoaminas — como a dopamina, a serotonina (5-hidroxitriptamina [5-HT]), a noradrenalina  e a adrenalina — dão o tom, mas não conduzem informações ponto a ponto, disse ele. Cada receptor na terminação nervosa é codificado por um gene e está sujeito à variação genética.A psiquiatria é, portanto, como a ciência da computação, disse o professor Preskorn. O hardware (cérebro) não pode funcionar sem o software (que aprende durante toda a vida).

O circuito tálamo-pálido-estriado-cortical impacta as funções motoras, espaciais, visuais e afetivas

O circuito tálamo-pálido-estriado-cortical descreve o circuito cerebral entre o tálamo (uma estação de transmissão que envia informações sensoriais para diferentes regiões do cérebro), o globo pálido (a parte mais antiga do estriado), o corpo estriado (gânglios basais) e o córtex, explicou o professor Preskorn.

Algumas psicopatologias envolvem conexões anormais

A estrutura básica do circuito evoluiu sobre diferentes domínios de funcionamento e tem impacto nas funções motoras, espaciais, visuais e afetivas, explicou o professor Preskorn.

O corpo estriado foi inicialmente pensado ter uma função puramente motora. Entretanto, através de suas conexões com o córtex, o tálamo e o tronco cerebral para integrar e responder a informações sensoriais, emocionais e cognitivas, sabe-se agora que ele orquestra e executa comportamentos planejados direcionados para objetivos.1

Algumas psicopatologias envolvem conexões anormais dentro do circuito tálamo-pálido-estriado-cortical, enquanto o uso de LSD conduz a uma entrada aferente para as regiões “erradas”, resultando em alucinações visuais e auditivas, acrescentou o professor Preskorn.

Emoções precedem a cognição

A cognição não provoca emoções, mas pode ajudar a treiná-las

A amígdala é um núcleo profundo dentro do córtex temporal medial. Ela processa informações emocionais, como o medo de modo extremamente rápido e antes de serem percebidas cognitivamente pelos lobos frontais.

As emoções, portanto, precedem a cognição e a cognição não provoca emoções, mas pode ajudar a treiná-las, explicou o professor Preskorn.

Juntamente com o hipocampo, a amígdala permite aprender com a experiência. O hipocampo “abraça” a amígdala no cérebro e é responsável pela memória declarativa. Ele está comprometido na depressão.

Pessoas com depressão mostram valência emocional reversa

A valência emocional reversa é um fenômeno observado em pessoas com depressão. Estes indivíduos superestimam faces negativas que são mostradas tão rapidamente, de modo que eles não sabem se as viram e isto pode ser monitorado por meio de tomografia por emissão de pósitrons. Em contraste, pessoas que nunca foram deprimidas superestimam rostos felizes.

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Referências

  1. Haber S. Dialogues Clin Neurosci 2015;18:7–21.