Explore todas as opções em pacientes com resposta parcial no tratamento da depressão

Na busca da recuperação funcional completa na depressão, a falta de resposta precoce apresenta dilemas clínicos diários. Em que ponto devemos reconsiderar as opções? Devemos aumentar a dose, trocar ou adicionar um outro medicamento? Um Simpósio Satélite do Congresso Europeu de Psiquiatria da Associação Europeia de Psiquiatria (EPA 2020), que considerou essas questões, também comentou acerca de uma nova ferramenta para promover objetivos personalizados de recuperação.

Questões importantes sobre a resposta inexistente ou parcial em pacientes com transtorno depressivo maior (TDM) foram abordadas por Andrea Fagiolini (Centro Médico da Universidade de Siena, Siena, Itália).

Uma resposta precoce baixa no TDM pode induzir cronicidade4

Alguns pontos são relativamente claros. Alguns pacientes apresentam uma resposta aos antidepressivos após 7-10 dias de tratamento.1,2 Todavia, muitos não demonstram, e a falta de benefício clínico em 2-4 semanas é preditiva de uma resposta instisfatória.Então, o que podemos fazer para aumentar as chances de uma resposta em tempo e completa?

Em muitos aspectos, as evidências são limitadas, admitiu o professor Fagiolini. Além disso, embora o aumento de dose e combinações sejam recomendadas em algumas diretrizes, existem evidências de efeitos negativos com essas abordagens, disse ele.5-8 Por exemplo, há relatos de aumento da não adesão ao tratamento associada à terapia combinada e de aumento da dose.

Nesse contexto, a progressão para antidepressivos com múltiplos alvos envolvendo efeitos aditivos ou sinérgicos em receptores específicos foi sugerida para pacientes com resposta parcial.9,10

 

“Melhor, mas não tão bem”

“Melhor, mas não tão bem” foi a frase apropriada utilizada por Mohammad Alsuwaidan (Universidade do Kuwait, Kuwait, e Universidade de Toronto, Ontário, Canadá) para descrever a resposta parcial.

Segundo o estudo STAR*D, metade dos pacientes não responde de forma adequada ao tratamento inicial;11,12 e aqueles com sintomas residuais de depressão possuem três vezes mais chances de recaída do que os que apresentam recuperação total.13

Na fase de remissão, os profissionais de saúde tendem a subestimar a frequência com que os pacientes apresentam sintomas nos domínios de humor, físico e cognitivo.14 Médicos e pacientes também diferem quanto àquilo que consideram como recuperação. Por exemplo, os médicos classificam a resolução de sentimentos negativos como o mais importante, enquanto para os pacientes, trata-se do retorno à uma vida com sentido.15

Utilizar a Escala de Objetivos Atingidos para Depressão (do inglês, Goal Attainment Scale- for Depression - GAS-D) pode fazer parte do cuidado centrado no paciente

Identificando e promovendo objetivos pessoais

Dado esse cenário, torna-se útil ter a escala GAS-D – um novo meio de rastrear o progresso individual de um paciente em direção à recuperação da funcionalidade.16 Os objetivos individualizados são estabelecidos por meio de uma discussão colaborativa sobre a experiência de depressão de um paciente e seu impacto na vida deles. 

Em um recente estudo de braço único com 122 pacientes com TDM, no qual foi utilizada a ferramenta GAS-D, a maioria alcançou seus objetivos de recuperação personalizados dentro de 12 semanas após o início do tratamento antidepressivo,16 relatou o professor Alsuwaidan.

Como os sintomas residuais e a recuperação parcial são comuns e contribuem para um pior prognóstico a longo prazo, a determinação das melhores vias de tratamento para respondedores parciais no TDM deve ser um dos principais focos de pesquisa, disse Nick Glozier (Centro de Cérebro e Mente, Universidade de Sydney, Austrália), que também contribuiu para este simpósio.

Os antidepressivos multimodais que envolvem efeitos adicionais ou sinérgicos em alvos biológicos específicos são uma estratégia atraente para a melhora da eficácia e da tolerabilidade,17 sugeriu ele.

O apoio financeiro educacional para este simpósio satélite no EPA 2020 foi fornecido pela H. Lundbeck A/S.

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Referências

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  17. Perini G et al. Neuropsychiatr Dis Treat 2019;15:1249-58