Impacto do abuso em sintomas de enxaqueca e comorbidade

O abuso emocional, físico e sexual está associado a um risco aumentado de desenvolver enxaqueca. Tal abuso está ligado a sintomas de hipersensibilidade sensorial, relacionados a enxaquecas mais graves, de acordo com os resultados de um novo estudo apresentado na AAN 2021 pela Dra. Meesha Trivedi, EUA.

Risco de desenvolver enxaqueca após abuso

60% dos adultos com enxaqueca tiveram experiências de abuso

Em 2016, uma análise transversal retrospectiva do Ad Health Dataset revelou que 60% dos adultos que relataram enxaqueca também relataram experiência de abuso. Para 58% desses adultos, foi algum abuso emocional,1 disse a Dra. Trivedi, que destacou que o risco de desenvolver enxaqueca entre pessoas que sofrem abuso é aumentado por:

  • Depressão e ansiedade comórbidas1,2
  • Tipo de abuso1,3
  • Aumento do número de tipos de abuso3
  • Maior frequência de abuso4

 

Impacto do abuso em pacientes com enxaqueca

O abuso foi associado a uma frequência de cefaleia significativamente maior

A Dra. Trivedi descreveu um estudo que ela e colegas realizaram com pacientes adultos com enxaqueca, para investigar o impacto do abuso na hipersensibilidade sensorial relacionada à enxaqueca e o papel da depressão e ansiedade comórbidas.

Os pacientes foram convidados a preencher questionários para avaliar ansiedade, depressão, fotossensibilidade, hiperacusia e alodinia, e fornecer um histórico de abuso autorrelatado.

Dos 1.020 pacientes recrutados do American Registry for Migraine Research (Registro Americano para Pesquisa de Enxaqueca) que completaram os questionários (taxa de resposta de 38%), 36% relataram histórico de abuso (n=365).

O abuso foi associado a ansiedade e depressão significativamente maiores

O abuso foi associado a uma frequência de cefaleia significativamente maior (1,5 dias adicionais de cefaleia por mês; p=0,019), ansiedade (p<0,001), depressão (p<0,001), fotofobia (p<0,001), hiperacusia (p<0,001), alodinia ictal (p<0,001) e alodinia interictal (p=0,001).

Após controle para idade, sexo e frequência de cefaleia, o abuso foi significativamente associado à fotofobia (p<0,001), hiperacusia (p<0,001), alodinia ictal (p<0,001) e alodinia interictal (p=0,002).

O abuso foi significativamente associado à fotofobia, hiperacusia e alodinia ictal e interictal

Tanto a ansiedade quanto a depressão mediaram significativamente as relações entre abuso e fotofobia, hiperacusia e alodinia ictal.

A Dra. Trivedi concluiu que mais pesquisas são necessárias para determinar os mecanismos fisiopatológicos subjacentes à relação entre abuso, comorbidades psiquiátricas e sintomas de enxaqueca.

 

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Referências

  1. Tietjen GE, et al. Emotional abuse history and migraine among young adults: a retrospective cross-sectional analysis of the Add Health Dataset. Headache 2017;57:45–59.
  2. Tietjen GE, et al. Recalled maltreatment, migraine, and tension-type headache. Neurology  2015;84:132–40.
  3. Brennenstuhl S, et al. The painful legacy of childhood violence: migraine headaches among adult survivors of adverse childhood experiences. Headache 2015;55:973–83.
  4. Fuh J-L, et al. Relationship between childhood physical maltreatment and migraine in adolescents. Headache 2010;50:761–8.
  5. Trivedi M, et al. Impact of abuse on migraine symptoms and comorbidity: results from the American Registry for Migraine Research (ARMR) (2187). Neurology 2021;96 (15 Supplement). Available at https://n.neurology.org/content/96/15_Supplement/2187. Accessed 13 Jun 21.