A redução de 10 a 25 anos na expectativa de vida de pessoas com transtornos mentais graves, em comparação com a população em geral, é reflexo de um alto nível de comorbidades e cuidados de saúde inadequados. A provisão de serviços de saúde mental que integrem cuidados preventivos, diagnóstico e tratamento é a chave para fornecer igualdade de atendimento e eliminar essa diferença em relação à expectativa de vida.
O diabetes e as doenças cardiovasculares são até duas vezes mais comuns entre pessoas com transtornos mentais graves, transtornos por uso de substâncias e transtornos mentais comuns, tais como a depressão, em comparação com a população em geral.2
Uma redução na expectativa de vida de 10-25 anos1 – em grande parte devido ao diabetes e a doenças cardíacas
Por que o diabetes e as doenças cardiovasculares são tão prevalentes?
Comportamentos de risco, menores taxas de mapeamento de morbidades cardiometabólicas e menores taxas de tratamentos preventivos contribuem para a alta prevalência de diabetes e doenças cardiovasculares entre pessoas com transtornos mentais. Por exemplo:
12% das pessoas com transtornos mentais graves têm diabetes3, em comparação à prevalência global de 8,5%4
- Pessoas com transtornos mentais graves têm maior probabilidade de fumar, ingerir álcool em excesso, levar uma vida sedentária, ter sono perturbado e adotar uma dieta “pouco saudável”.2
- Pessoas com transtornos mentais graves recebem menos educação sobre saúde preventiva e são menos propensas a realizar dosagem de hemoglobina glicada ou colesterol; a utilizarem estatinas e, consequentemente, menos propensas a terem examinadas complicações nos olhos ou nos pés causadas pelo diabetes.5
Aumento do risco de doenças respiratórias e tuberculose
Doenças respiratórias, tuberculose e transtornos mentais compartilham fatores de risco comuns, que incluem ausência de moradia, tabagismo e abuso de álcool/substâncias.6 Como resultado, pessoas com transtornos mentais graves possuem maior risco para doenças respiratórias e tuberculose.2
Estratégias para igualdade de atendimento
Integrar intervenções no estilo de vida ao programa de saúde mental
Têm sido defendida uma abordagem proativa, de cuidado escalonado para doenças físicas, intervenções farmacológicas e psicossociais, juntamente com monitoramento de longo prazo dos resultados, e apoio à adesão, além da participação ativa do paciente.7 Por exemplo, a abordagem de cuidado colaborativo do Programa de Prevenção de Diabetes (do inglês: Diabetes Prevention Program).8
O Lancet Psychiatry Commission: A blueprint for protecting physical health in people with mental illness (Comissão de Psiquiatria da Lancet: um projeto para proteger a saúde física de pessoas com doenças mentais),2 é um relatório internacional focado em soluções para resolver as disparidades da saúde física e da saúde mental, e enfatiza a necessidade de:
- recursos adicionais para pessoas com transtornos mentais
- mudança na cultura de prestação de assistência, a fim de garantir intervenções no estilo de vida e que os cuidados com a saúde física estejam integrados ao programa de cuidados de saúde mental. Por exemplo, a inclusão de um endocrinologista à equipe e a disponibilização de academias de ginástica nas clínicas (para mais informações, consulte https://progress.im/en/content/lancet-psychiatry-commission-blueprint-protecting-physical-health-people-mental-illness)
Foque em um cuidado colaborativo, coordenado, contínuo, comunitário e compassivo
Também foi destacada uma abordagem “5C” — colaborativa, coordenada, contínua, comunitária, compassiva — para os cuidados de saúde centrados na pessoa, que vão além dos indivíduos com transtornos mentais graves, e passam a considerar o ambiente a sua volta e seus cuidadores9 (para mais informações, consulte https://progress.im/en/content/re-engineering-healthcare-preventing-and-managing-comorbidity-mental-health-conditions)
A Dra. Alexandrina Meleiro participou desta ação de forma voluntária, não recebendo qualquer tipo de pagamento ou compensação para tal.