A agitação é comum entre pacientes com doença de Alzheimer (DA) e resulta em uma série de distúrbios comportamentais que aumentam o estresse do cuidador e o risco de necessidade de tratamento de longo prazo. No entanto, uma avaliação cuidadosa da agitação em termos de comportamentos, das consequências, das motivações e das funções, juntamente com a determinação das possíveis causas, pode permitir estratégias de tratamento eficazes. Marc Agronin, Vice-Presidente Sênior de Saúde Comportamental da Miami Jewish Health, em Miami, Flórida (EUA) descreveu como isso pode ser alcançado usando um método de “detetive” no Psych Congress 2019.
A agitação é um sintoma comportamental e psicológico da demência (SCPD)
De acordo com a Associação Internacional de Psicogeriatria, a agitação envolve atividade motora excessiva ou agressão verbal ou física que causa sofrimento emocional observado (ou inferido) e é grave o bastante para produzir incapacidade excessiva e significativo comprometimento das relações interpessoais, da funcionalidade social e da capacidade de realizar ou participar de atividades da vida cotidiana1, afirmou o Dr. Agronin.
Alterações metabólicas associadas à neurodegeneração nos sistemas neurotransmissores coliginéricos, serotoninérgicos e dopaminérgicos compõem a agitação
O processo neurodegenerativo da DA danifica os neurocircuitos de pacientes com DA. As dificuldades resultantes em responder adequadamente a eventos emocionalmente pesados e em priorizar, organizar e responder a desafios (função executiva) leva à agitação, explicou o Dr. Agronin. Alterações metabólicas associadas à neurodegeneração nos sistemas neurotransmissores coliginéricos, serotoninérgicos e dopaminérgicos compõem a agitação.
Uma abordagem de “detetive” é necessária para avaliar a agitação
A agitação pode ser desencadeada por diversos fatores, em especial doenças médicas e psiquiátricas, medicamentos (prescrições potencialmente inadequadas) e fatores psicológicos e ambientais. Uma abordagem de “detetive” é necessária para determinar a causa precisa de qualquer comportamento específico relacionado à agitação, explicou o Dr. Agronin.
Uma abordagem de “detetive” é necessária para determinar a causa precisa de qualquer comportamento específico relacionado à agitação
Um exame completo do estado físico, neurológico e mental, juntamente com exames de sangue e de imagem adequadas, detectará quaisquer gatilhos físico ou psiquiátrico que contribuam, enquanto uma Análise Comportamental Aplicada (ABA, Applied Behavior Analysis)2 pode ser usada para revelar fatores psicológicos e ambientais.
As pessoas não ficam agitadas aleatoriamente, afirmou o Dr. Agronin. A agitação tem uma função e é necessário determinar a função para realizar o manejo apropriado.
O modelo da ABA pode ser usado para examinar o contexto no qual a agitação ocorre e as cinco funções principais do comportamento agitado — atenuação da dor, atenção, estímulo, tangíveis (por exemplo, comida) e escape (por exemplo, de situações desagradáveis).
A agitação tem uma função
Manejo comportamental
O Dr. Agronin destacou a importância de métodos comportamentais básicos para abordar os gatilhos do comportamento, das consequências do comportamento, das motivações e da função específicas de um indivíduo, para diminuir a frequência e a gravidade da agitação. Tais métodos comportamentais incluem:
- reconhecimento empático com escuta ativa
- abordar as necessidades não atendidas; como fome, sede, dor, e irritações ambientais, como ruído excessivo, calor ou frio
- foco nas capacidades em vez dos déficits
- envolver a família e outros cuidadores
- envolvimento em atividades estimulantes e agradáveis3
Manejo farmacológico
Os medicamentos podem ser necessários para manejar comportamentos graves, distúrbios psiquiátricos subjacentes e sintomas psicóticos associados e também quando métodos comportamentais falharam, afirmou o Dr. Agronin.
No entanto, não há uma indicação universalmente reconhecida ou designada pelo FDA para agitação na demência e todos os medicamentos psicotrópicos são, portanto, “não aprovados em bula (off-label)”.
Além disso, não existe uma única solução mágica, afirmou o Dr. Agronin — a eficácia é limitada e variável e eventos adversos (EAs) potencialmente importantes incluem sedação, tontura e alterações na pressão arterial. O monitoramento e reavaliação contínuos são necessários para garantir um equilíbrio entre risco/benefício adequado para o paciente.
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