Destaques ECNP 2022 – Dia 3

As sessões do terceiro dia cobriram esquizofrenia e depressão maior, superando barreiras aos cuidados e manejando a resistência ao tratamento. Os Top Papers em neuroimagem e transtornos de ansiedade foram apresentados e, além disso, a sessão ‘Love Your Brain’ (Ame Seu Cérebro) definiu estratégias para superar o nevoeiro mental. As plenárias exploraram a psicobiologia da exaustão e deram novos insights sobre interações imunocerebrais. Abaixo está um resumo dos destaques de mais um dia do ECNP 2022.

Superando barreiras para melhorar o atendimento ao paciente

  • Tanto a esquizofrenia quanto o transtorno depressivo maior (TDM), quando manejados de forma inadequada, têm um efeito prejudicial na vida diária e nas aspirações dos pacientes.
  • Identificou-se a importância do diagnóstico breve e da implementação precoce de estratégias de manejo,1,2 juntamente a motivos relacionados aos pacientes e médicos para a inércia terapêutica.
  • Estratégias para superar barreiras ao reconhecimento precoce e promoção de cuidados adequados foram propostas para melhorar a vida de pacientes com TDM e esquizofrenia.

 

“Parar o tratamento antipsicótico é, de longe, o mais forte preditor de recaída na esquizofrenia e as consequências psicossociais podem ser muito graves." - Prof. Robin Emsley (África do Sul)

 

Esquizofrenia e depressão em primeiro plano

Diversas sessões apresentaram pesquisas atuais em neurociências e desafios clínicos na esquizofrenia e depressão, incluindo:

  • uma revisão da biologia do circuito neural e neurofarmacologia relacionada às necessidades não atendidas na esquizofrenia
  • déficits cognitivos no TDM associados a alterações na rede estrutural do cérebro
  • efeitos da disfunção imunológica e metabólica nos circuitos cerebrais na depressão
  • preencher a lacuna translacional entre a pesquisa pré-clínica e clínica, para fornecer novos tratamentos em psicose
  • desembaraçar a complexidade da depressão resistente ao tratamento, fornecendo orientação prática sobre como avaliar os pacientes e selecionar o tratamento mais adequado

“As pessoas com depressão resistente ao tratamento que mostram uma resposta precoce à potencialização do tratamento nas primeiras 2 semanas, continuam a ter um bom resultado de tratamento subsequente.” – Prof. Anthony Cleare (Reino Unido)

 

Uma variedade de destaques na pesquisa

Os vários simpósios, tópicos em destaque e pôsteres entregaram uma variedade de pesquisas, incluindo;

  • Estudo do impacto econômico dos transtornos de saúde mental e dos custos associados às comorbidades físicas das doenças mentais.
  • Impacto da pandemia de COVID-19 nos desfechos de isolamento social e saúde mental.
  • As sequelas cognitivas do uso recreativo de drogas e o risco de psicose, depressão e comportamento suicida em jovens.
  • Estudos genômicos sobre medicamentos psicotrópicos que fornecem insights sobre os componentes moleculares de desfechos clínicos em transtornos psiquiátricos.

Pessoas com transtornos de saúde mental têm pior saúde física do que a população em geral e baixo desempenho no trabalho, com impacto econômico significativo

 

Uma estrela nasce das chamas

Dentre as muitas ‘campifire sessions’ realizadas, um destaque foi para a discussão de comorbidades no transtorno depressivo maior, liderada pelo Dr. Liubov Kalinichenko, ganhador do prêmio Rising Star. A forte interconexão da depressão maior com outros sintomas psiquiátricos e de doenças periféricas ocorre como consequência de múltiplas vias bidirecionais com uma base molecular compartilhada.

A comorbidade da depressão maior com outras doenças, incluindo ansiedade, transtorno por uso de substâncias, distúrbios cardiovasculares e metabólicos, resulta em pior qualidade de vida relacionada à saúde e aumento da mortalidade

 

Plenárias – burnout e interações imunocerebrais

A professora Marie Asberg, vencedora do Prêmio ECNP de Neuropsicofarmacologia de 2022, deu uma palestra revelando novos conhecimentos sobre a psicobiologia da exaustão. Especialista em burnout, a professora Asberg descreveu como o estresse prolongado leva ao transtorno de exaustão, que muitas vezes coexiste com sintomas de depressão e ansiedade.3

A plenária do Dr. Jonathan Kipnis se concentrou em elucidar interações complexas entre o sistema imunológico e o sistema nervoso central. O estudo mecanístico da natureza das interações neuroimunes tem amplas implicações, que vão do autismo à doença de Alzheimer.

Referências

  1. Emsley R et al. Symptom recurrence following intermittent treatment in first-episode schizophrenia successfully treated for 2 years: a 3-year open-label clinical study. J Clin Psychiatry 2012;73:e541–e547.
  2. Taylor RW, et al. Predictors of response to augmentation treatment in patients with treatment-resistant depression: A systematic review. J Psychopharmacol 2019;33:1323–39.
  3. Besèr A, et al. Construction and evaluation of a self-rating scale for stress-induced Exhaustion Disorder, the Karolinska Exhaustion Disorder Scale. Scand J Psychol. 2013;55(1):72–82.