O estigma significa exclusão e é a maior barreira que impede as pessoas de procurarem assistência médica, afirmaram os palestrantes em um simpósio motivacional sobre estratégias para combater o estigma no Congresso Mundial de Psiquiatria (WCP 2019). Especialistas anti estigma da Europa, do Japão e do Canadá compartilharam e discutiram suas extensas experiências e conhecimentos sobre programas anti estigma.
Paradigmas para o desenvolvimento de um programa anti estigma
Oito paradigmas informaram historicamente o desenvolvimento de programas para combater o estigma, conforme explicado por um dos palestrantes, mas esses paradigmas necessitam de revisão, a fim de refletir o conhecimento e a experiência atuais da seguinte forma:
Nenhuma pessoa é “mediana”; o importante é descobrir a partir dos próprios indivíduos o que os faz sentir estigmatizados
- Utilize planos desenvolvidos em longo prazo – porém, os programas são melhores configurados sempre que surgir a oportunidade.
- O trabalho deve ser baseado em pesquisas científicas – todavia, nenhuma pessoa é “mediana” em um estudo de pesquisa; além disso, é importante descobrir a partir dos próprios indivíduos o que os faz sentir estigmatizados.
- A eficácia do programa deve ser medida pela mudança de atitudes em relação à doença mental – porém, as atitudes não preveem o comportamento; os programas se tornam bem-sucedidos se mudarem o comportamento.
- Aprimore o conhecimento sobre doenças mentais – contudo, o conhecimento por si só pode piorar o estigma; em vez disso, a educação deve se concentrar em medidas para manejar as doenças mentais e seus sintomas.
- Inclua pessoas com doenças mentais em sua comunidade – no entanto, as comunidades estão desaparecendo e os cuidados comunitários não diminuem o estigma.
- Assegure que a campanha esteja bem focada – mas, também, que não seja de curto prazo, visto que campanhas curtas têm pouco impacto e a falta de acompanhamento pode desencorajar pacientes e cuidadores.
- Crie programas com o entendimento de que a doença mental é como qualquer outra doença – porém, as doenças mentais são muito diferentes das outras doenças, como também uns dos outros.
- Direcione mensagens anti estigma para o maior público-alvo possível – todavia, populações diferentes possuem necessidades de informações diferentes; portanto, é melhor direcionar as informações às necessidades específicas do público.
A educação deve se concentrar em medidas para manejar as doenças mentais e seus sintomas
Desenvolvimento da resiliência e o Programa de Retorno ao Trabalho no Japão
O especialista do Japão destacou que os programas japoneses visam combater o estigma desenvolvendo resiliência e apoiando o indivíduo no local de trabalho.
A construção de resiliência apoia o retorno ao local de trabalho
O trabalho leva à autoestima, independência social e capacidade de formar uma família, afirmou ele; e tem sido priorizado no Japão por meio do Programa de Retorno ao Trabalho. O Programa tem como objetivo melhorar a prontidão para o trabalho e evitar recaídas em funcionários que tiram licença médica, por meio de uma variedade de intervenções de reabilitação.1,2
Dos 21 pacientes que participaram do Programa:
- 76% retornaram ao trabalho após o Programa
- mais de 90% daqueles que retornaram ao trabalho não tiveram outra licença médica durante os 12 meses de acompanhamento2
Os pacientes do Programa de Retorno ao Trabalho tiveram uma continuação de trabalho significativamente mais longa do que um grupo de “tratamento habitual”. Além disso, melhoras na pontuação da Folha de Avaliação do Programa de Assistência para Retorno ao Trabalho mudam após o programa refletir melhoras na cognição e no comportamento.2
A Aliança Alemã para Saúde Mental
A Aliança Alemã para Saúde Mental — sucessora da campanha Open the Doors (Abra as Portas) iniciada em 20013 — foi descrita pelo palestrante da Alemanha. A Aliança de 110 organizações e parceiros alemães é uma iniciativa nacional de longo prazo anti estigma para promover a saúde mental.
As atividades bem-sucedidas de conscientização para combater o estigma incluíram:
- um passeio anual de bicicleta pela Alemanha para aumentar a conscientização sobre a depressão
- um projeto de mídia de 2012 a 2015 para promoção de reportagens e escritas não estigmatizantes por parte de profissionais de mídia
- campanhas de mídias sociais
- Semana de Saúde Mental
- Saúde Mental no Local de Trabalho
- Rede de Berlim para Prevenção do Suicídio
- a campanha de conscientização da saúde mental de 2019, que apresenta a “fita verde” para representar a saúde mental
Conexões da Cozinha no Canadá
Um espaço seguro para cozinhar e comer juntos
O recém-concluído estudo de validação de conceito, “Conexões da Cozinha”, no Canadá, criou um espaço seguro para as pessoas com doenças mentais se reunirem, cozinharem e compartilharem uma refeição, bem como participarem de um curso de 7 semanas sobre a superação do estigma. O feedback e os resultados foram positivos e outros estudos estão sendo criados em outras localidades.
Our correspondent’s highlights from the symposium are meant as a fair representation of the scientific content presented. The views and opinions expressed on this page do not necessarily reflect those of Lundbeck.