Nos últimos 60 anos, o tratamento para pacientes com transtorno depressivo maior (TDM) sofreu mudança transformadora. Existem agora diversas estratégias terapêuticas e tratamentos com diferentes mecanismos de ação, abordando também a resposta insatisfatória aos antidepressivos, que podem oferecer o potencial de individualizar o tratamento. A evolução das estratégias de tratamento do TDM foi discutida nesta sessão especial patrocinada pela Lundbeck no AsCNP 2021 (Congresso do Colégio de Neuropsicofarmacologia da Ásia).
As metas de tratamento para o TDM mudaram significativamente nas últimas décadas, explicou o professor Fagiolini, da Universidade de Siena, Itália, durante esta sessão no AsCNP Virtual 2021. Há cinquenta anos, o objetivo do tratamento era simplesmente alcançar uma resposta, ou uma redução de 50% nos sintomas de acordo com escalas específicas. À medida que melhores tratamentos se tornaram disponíveis, a remissão tornou-se possível. Agora, fomos mais longe: os médicos ainda querem resposta e remissão, mas o principal objetivo é alcançar a recuperação funcional completa, onde os sintomas estão essencialmente ausentes e o paciente retorna à pré-morbidade.1
Agora, o principal objetivo no TDM é alcançar a recuperação funcional plena
As opções de tratamento mantiveram as metas terapêuticas no TDM?
O tratamento para o TDM também evoluiu significativamente nos últimos 60 anos, explicou o professor Philip Gorwood, da Universidade de Paris, França; passamos de antidepressivos tricíclicos, disponíveis pela primeira vez na década de 1950, para antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina (ISRSs) e inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSNs), que se tornaram disponíveis nas décadas de 1980 e 1990, e finalmente para os fármacos que temos disponíveis atualmente, com mecanismos de ação multimodais.
Mesmo com os tratamentos atuais, no entanto, pacientes com TDM ainda apresentam comprometimentos funcionais e na qualidade de vida (QV). Uma análise observacional de 1.297 pacientes com TDM mostrou que apenas 34% dos indivíduos tratados com ISRS/IRSN alcançaram uma recuperação funcional após 16 semanas de tratamento.2
Uma consideração importante na escolha do tratamento para o TDM é a dificuldade de se tratar doença quanto mais tempo se passa;3 quanto maior e mais frequentes os episódios, menor a chance de resposta, explicou o professor Gorwood. Além disso, a resposta adequada em linhas de tratamento posteriores pode não ser alcançada com alteração do tratamento. No estudo STAR*D, menos de 1 paciente em cada 5 alcançou resposta adequada com a terceira terapia na sequência de tratamento,3 destacando a importância de encontrar o tratamento mais adequado o mais rápido possível.
O TDM torna-se mais difícil de tratar com o tempo
A potencialização com antipsicóticos pode melhorar a individualização do tratamento?
A potencialização com um antipsicótico (AP) é uma opção terapêutica em pacientes com resposta insatisfatória ao tratamento antidepressivo. Os APs atípicos são um grupo heterogêneo de fármacos que possuem farmacologia complexa, ligando-se a múltiplos receptores de dopamina e serotonina, além de interagirem com as vias noradrenérgicas, histaminérgicas e colinérgicas, explicadas na sessão pelo Professor Fagiolini.4 Não há dois APs atípicos que tenham a mesma ação nos receptores, oferecendo o potencial de combinar o perfil de um fármaco com o perfil clínico individual dos pacientes.4
Outras opções no caso de resposta insatisfatória ao tratamento antidepressivo inicial são: a otimização da abordagem inicial (garantindo dose adequada e titulação do tratamento), a troca para outro antidepressivo e a combinação de antidepressivos. Outras abordagens adjuvantes incluem a adição de lítio, um benzodiazepinico ou psicoterapia. Cada uma dessas estratégias foi considerada em várias diretrizes.5-8
O tratamento da anedonia oferece uma porta de entrada para a melhora de outros sintomas do TDM
Um fator importante para melhorar a Qualidade de Vida e a funcionalidade em pacientes com TDM é o tratamento da anedonia.9-11 Anedonia é uma característica central do TDM12,13 e, quando presente, é difícil melhorar outros sintomas do TDM,11 explicou o Professor Fagiolini. A presença de anedonia está associada a maiores taxas de isolamento social, comprometimento social, reatividade do humor, em ruminar sobre eventos passados e variação diurna do humor.9
A anedonia também é um preditor negativo do tempo de remissão e recuperação em pacientes com TDM tratados com antidepressivos. Em um estudo de um ano em pacientes com TDM tratados com antidepressivos, o tempo para remissão e recuperação aumentou de 128 e 255 dias para 316 e 624 para pacientes com baixa anedonia basal e alta anedonia basal, respectivamente.10
A melhora da anedonia é, portanto, um fator importante a ser considerado no tratamento do TDM.
O apoio financeiro educacional para esta sessão foi fornecido pela Lundbeck.
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