Pacientes com transtorno depressivo maior (TDM) grave podem apresentar perdas de apetite e peso, e insônia ou, em contraste, aumento de apetite e peso, baixa energia e hipersonia. O primeiro (TDM típico) está associado a níveis mais elevados de cortisol e a uma sobreposição com genes ligados a transtornos mentais. O segundo (TDM imunometabólico) está associado à desregulação imunoinflamatória e metabólica, e a uma sobreposição com genes de obesidade e desregulação metabólica, conforme apresentado no Congresso Mundial de Psiquiatria - WCP 2021.
O transtorno depressivo maior é heterogêneo
Insônia e hipersonia são sintomas do transtorno depressivo maior
Muitos sintomas contribuem para o conceito do TDM, com 257 combinações de sintomas que levam ao diagnóstico da doença,1 disse a professora Brenda Penninx, do Amsterdam UMC, Holanda. Alguns sintomas são até mesmo opostos, como, por exemplo, insônia e hipersonia.
A heterogeneidade do TDM é destacada por diferentes respostas aos antidepressivos.2 Os antidepressivos são eficazes, disse a professora Penninx, mas não para todas as pessoas. A busca do melhor tratamento para um paciente pode ser um processo de tentativa e erro.
Três subtipos principais de pacientes podem ser identificados
O subtipo atípico é caracterizado por aumento de apetite e de peso, baixa energia, hipersonia e paralisia plúmbea
Uma análise baseada em dados dos sintomas de mais de 818 pessoas com TDM recorrente, de leve a grave, revelou três subtipos diferentes de pacientes com TDM,2 disse a professora Penninx.
Os três subtipos foram identificados entre os pacientes inscritos no estudo “The Netherlands Study of Depression and Anxiety” (Estudo Holandês de Depressão e Ansiedade), no qual a professora Penninx é a investigador principal e diretora científica.
Os três subtipos são:
- Pacientes gravemente deprimidos que apresentam perda de apetite e de peso, insônia e pensamentos suicidas, ou seja, TDM típico (∼50% dos pacientes)
- Pacientes gravemente deprimidos que, em contraste, apresentam aumento de apetite e de peso, baixa energia, hipersonia e paralisia plúmbea, ou seja, TDM atípico (∼25% dos pacientes)
- Pacientes moderadamente deprimidos com menor gravidade da maioria dos sintomas (∼25% dos pacientes)2
Transtorno depressivo maior típico vs. atípico
Os subtipos de TDM típicos e atípicos possuem diferentes associações fisiopatológicas e genéticas
Os subtipos típicos e atípicos do TDM não são apenas caracterizados por sintomatologias diferentes, mas também por diferentes correlatos, curso da doença e associações patofisiológicas e genéticas,3 disse a professora Penninx.
Pacientes com o subtipo típico foram mais propensos a:
- Fumar3
- Terem vivenciado traumas precoces e tardios3
- Manifestar ansiedade e pensamentos suicidas mais persistentes ao longo do tempo4
- Ter níveis de cortisol mais altos, indicando hiperatividade do eixo hipotálamo-pituitário (HPA)5
- Ter sobreposição com genes ligados a transtornos mentais6
Os pacientes com o subtipo atípico eram mais frequentemente do sexo feminino3 e estiveram mais propensos a:
- Ter um início precoce dos sintomas3
- Exibir um perfil metabólico pior no início e durante o acompanhamento4
- Ter desregulação imunoinflamatória e metabólica, e resistência à leptina e à insulina4,5
- Ter sobreposição com genes ligados à obesidade e desregulação metabólica6
Depressão maior atípica foi denominada como TDM imunometabólico
Para refletir suas características imunoinflamatórias e metabólicas, o subtipo “atípico” foi denominado como TDM imunometabólico.7
As diferentes características dos TDMs típico e imunometabólico sugerem diferenças em sua etiologia, disse a professora Penninx.
Implicações do subtipo imunometabólico para o tratamento personalizado
O TDM imunometabólico parece estar ligado a condições metabólicas e somáticas indicativas de uma mudança no balanço energético de “gasto” para o “acúmulo”,4 disse a professora Penninx. Portanto, este constitui um ponto de partida apropriado para a avaliação de estratégias de tratamento personalizadas.
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