Quando uma dor de cabeça é uma enxaqueca?

A enxaqueca causa incapacidade significativa, mas é subdiagnosticada e subtratada. Fazer um diagnóstico preciso é fundamental para melhorar os desfechos dos pacientes. Na AAN 2021, a professora Hope O’Brien, da Faculdade de Medicina da Universidade de Cincinnati, EUA, forneceu dicas sobre como diagnosticar a enxaqueca e diferenciá-la de transtornos de dor de cabeça secundários, com potencial de ameaça à vida.

A enxaqueca causa incapacidade significativa, mas sem ameaça à vida. Como resultado, ela é subdiagnosticada e subtratada mundialmente.1

A enxaqueca é subdiagnosticada mundialmente

Dor de cabeça primária vs dor de cabeça secundária

Dores de cabeça são comuns, disse a professora O'Brien, e quase 50% dos adultos tiveram pelo menos uma dor de cabeça no ano anterior.2 Elas são classificadas pela Classificação Internacional de Cefaleias - 3ª edição, como:

90% das dores de cabeça são dores de cabeça primárias

  • Primária – por exemplo: enxaqueca, cefaleia tensional, cefaleia trigêmino-autonômica
  • Secundária - causada por alguma lesão estrutural ou doença subjacente
  • Neuropatias cranianas dolorosas, outras dores faciais e outras dores de cabeça3

Em 90% dos casos, a cefaleia é uma cefaleia primária, com exames normais.4

SNOOP é um mnemônico de triagem para excluir a cefaleia secundária

No entanto, as cefaleias secundárias podem ser fatais, observou a professora O'Brien, e precisam de mais investigação e exames de imagem neurológica.5 Elas devem ser excluídas ao se diagnosticar a enxaqueca. O SNOOP é um útil mnemônico de triagem que destaca os sinais de alerta para as cefaleias secundárias, que são:

  • Sinais e transtornos sistêmicos
  • Sintomas Neurológicos
  • Início (do inglês, onset) de novas manifestações ou alteradas, em mais de 50 anos de idade
  • Início (do inglês, onset) da dor como cefaleia em trovoada
  • Papiledema, zumbido pulsátil e vertigem posicional, precipitada pelo exercício5

Exame de imagem neurológica não é indicada para enxaqueca episódica ou crônica típica não complicada

Exames de imagem neurológicos também são necessários para dores de cabeça diagnosticadas como:

  • Enxaqueca episódica ou crônica, sem aura, acompanhada de exame neurológico anormal
  • Enxaqueca com aura acompanhada por uma aura atípica ou complexa
  • Cefaleia trigêmino-autonômica
  • Dor de cabeça traumática6

A professora O'Brien também observou a importância do exame físico e atenção às estruturas extracranianas para excluir outros diagnósticos, por exemplo, artérias sensíveis do couro cabeludo sugerindo arterite temporal e mobilidade do pescoço prejudicada sugerindo irritação meníngea.7

Diagnosticando a enxaqueca - o histórico é a chave

O estresse é um gatilho comum

Um histórico detalhado é essencial para o diagnóstico da enxaqueca, disse a professora O’Brien.

Características clínicas importantes incluem seu padrão temporal, localização e irradiação, natureza (por exemplo, latejante), gravidade e intensidade, características associadas (por exemplo, náusea, vômito, aura) e fatores agravantes (por exemplo, luz, som, atividade).7

A professora O’Brien destacou que, embora geralmente unilaterais, as enxaquecas podem ser bilaterais e podem estar associadas a sintomas autonômicos cranianos,e que o estresse é um gatilho comum.8

Se dois dos três fatores de predição “PIN” estão presentes, o valor preditivo positivo para o diagnóstico de enxaqueca é de 93%

Ela também destacou o teste de triagem “PIN” para enxaqueca9 com base nos três seguintes importantes fatores de predição de enxaqueca:

  • Fotofobia (Photofobia, em inglês)
  • Comprometimento/intensidade (Impairment/Intensity, em inglês)
  • Náusea

Quando dois desses três fatores de predição “PIN” estão presentes, o valor preditivo positivo para o diagnóstico de enxaqueca é de 93%.9

Pistas diagnósticas adicionais para um diagnóstico de enxaqueca incluem a presença de condições médicas comórbidas com fatores fisiopatológicos potencialmente compartilhados como, por exemplo, asma10 e histórico familiar de enxaqueca ou outra dor de cabeça primária.7

 

 

Quer receber as novidades da Progress in Mind Brazil no seu celular?

Participe do nosso canal no Telegram clicando aqui e receba os novos conteúdos assim que forem publicados!

 

Our correspondent’s highlights from the symposium are meant as a fair representation of the scientific content presented. The views and opinions expressed on this page do not necessarily reflect those of Lundbeck.

Cloned Date
2022/01/25 07:01:49
Clone source Id
11622
Clone source uuid
fa6d01ae-a046-4441-bf75-7626d6c9e254

Referências

  1. Ryvlin P, et al. Current clinical practice in disabling and chronic migraine in the primary care setting: results from the European My-LIFE anamnesis survey. BMC Neurology 2021;21:1.
  2. World Health Organization. Headache disorders. 2016. Available at https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/headache-disorders. Accessed 14 Jun 21.
  3. Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS). International Classification of Headache Disorders, 3rd edition. Cephalalgia 2018;38:1–211.
  4. Dodick D. Pearls: headache. Semin Neurol 2010;30:74–81.
  5. Smith JH. Ruling out secondary headache. Pract Neurol 2018. Available at https://practicalneurology.com/articles/2018-mar-apr/ruling-out-secondary-headache. Accessed 14 Jun 21.
  6. Micieli A, Kingston W. An approach to identifying headache patients that require neuroimaging. Front Public Health 2019;7:52.
  7. American Headache Society. Migraine (adult). Perform history and physical examination. Available at https://americanheadachesociety.org/flowchart/. Accessed 14 Jun 21.
  8. Theeler BJ, et al. Headache triggers in the US military. Headache 2009;50:790–4.
  9. Lipton RB, et al. A self-administered screener for migraine in primary care: The ID Migraine validation study. Neurology 2003;61:375–82.
  10. Martin VT, et al. Asthma is a risk factor for new onset chronic migraine: Results from the American Migraine Prevalence and Prevention Study. Headache 2016;56:118–31.