Os serviços de detecção e intervenção precoce para pacientes com psicose se encontram em diferentes estágios de desenvolvimento na Europa (e no mundo).1 Nesta sessão do Congresso Europeu de Psiquiatria da Associação Europeia de Psiquiatria (EPA2020), palestrantes discutiram os serviços de seus países, a experiência que desenvolveram e os desafios que enfrentaram.
Serviços na França
São necessários esforços para acabar com o estigma da psicose, de modo que os pacientes sejam encaminhados para logo no início do curso da doença
Vincent Laprevote discutiu o desenvolvimento de serviços de detecção e intervenção precoce (DIP) na França. A população alvo é de pacientes jovens que sofrem de um Estado Mental de Risco (EMR) para psicose ou um primeiro episódio psicótico (PEP). Os pacientes são admitidos dentro de 7 dias e passam por uma avaliação rápida por um neuropsicólogo, um psiquiatra e um gerente de casos. Existe um manejo intensivo de casos no programa que dura de 2 a 5 anos. O plano de cuidados é baseado na educação terapêutica (psico-informação), com terapia cognitivo-comportamental (TCC) e mindfulness para manejo do estresse, treinamento metacognitivo e remediação cognitiva, além de um programa para abuso de substâncias, caso necessário. Um desafio na França consiste em garantir coerência nos serviços de DIP em desenvolvimento, e que eles se ajustem aos padrões internacionais que surgem. Também são necessários esforços para acabar com o estigma da psicose, de modo que os pacientes sejam encaminhados para esses serviços logo no início do curso da doença.
Mirando nos pacientes certos na República Tcheca
“Quanto antes, melhor” para entrar em contato com os serviços de detecção e intervenção precoce
As formas de garantir que os pacientes sejam encaminhados para esses serviços foram abordadas por Petr Winkler, da República Tcheca. O Projeto VIZDOM é uma iniciativa em andamento há quatro anos na República Tcheca para intervenção precoce em doenças mentais graves.2 As estratégias de detecção precoce incluem comunicar diferentes partes interessadas (serviços de saúde e assistência social, sistema educacional e autoridades da região), para que saibam que o sistema está disponível e quem poderá se beneficiar dele. Existe também um instrumento de auto-triagem, disponível on-line, que oferece uma maneira de reduzir o limiar e uma maneira de diminuir o estigma para os pacientes entrarem no sistema. Por fim, um folheto sobre detecção precoce foi amplamente divulgado – a mensagem principal é “quanto antes, melhor” para entrar em contato com os serviços. Como em outros serviços, os pacientes são avaliados de forma rápida após o encaminhamento e seus resultados são avaliados a cada 6 meses.
Flexibilidade de serviço na Estônia
Envolva as famílias dos pacientes o mais cedo possível no processo de tratamento
Um sistema de intervenção precoce existe há 20 anos na Estônia, conforme discutido por Karola Peebo. O núcleo deste programa são as intervenções farmacológicas e psicoterapêuticas. As equipes multidisciplinares também envolvem as famílias dos pacientes o mais cedo possível no processo de tratamento. A reabilitação inclui grupos de apoio, programas de formação profissional e o fornecimento de unidades de apoio especializado. Este serviço tem uma duração flexível, com base nas necessidades individuais. Todavia, isso significa que o centro teve de lidar com um número crescente de casos ao longo do tempo. Isso pode ser gerenciado através da transferência do manejo de casos dos psiquiatras no início do tratamento para enfermeiros de saúde mental e terapeutas ocupacionais, conforme os pacientes passam mais tempo no sistema.
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